quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

A Espera Silenciosa

Eriberto utilizava parte de seu tempo pintando quadros com os temas:

sofrimento, dor e sangue... No restante do dia, caçava ou roubava animais como:

ratos, gatos, cães e porcos. Após fazê-los sofrer com pequenos cortes de navalha,

os jogava no poço seco de sua chácara, onde morava só; muitos sobreviviam à

queda. O sofrimento dos animais com os ferimentos, fome e sede, faziam-lhe sorrir

e lhe inspiravam para a pintura de novos quadros.

Um dia, estava sorridente com um pequeno filhote de gato na beira do poço,

quando um desmoronamento o levou para dentro do buraco — a queda lhe fez

desmaiar. Já era madrugada quando Eriberto voltou a si e após relembrar os fatos,

passou à analisar uma forma de escalar as paredes do poço. Após alguns minutos,

um rosnado ao seu lado lhe chamou a atenção, ao virar-se seu coração disparou e

o pavor quase lhe fez perder os sentidos: centenas de olhos amarelos e luminosos

na mais negra escuridão o olhavam fixamente. Não tardou para que, os esqueletos

e restos putrefatos de uma infinidade de animais se arremessassem contra ele.

Naquele noite, depois de muito aguardarem sua vingança, finalmente aqueles

animais fizeram sua última refeição.