quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Aurora

- Muitos praguejam a vida que possuem!
Muitos reclamam de sua própria aparência!
Muitos amaldiçoam àqueles que lhes deram a vida!
Eu nada praguejo, reclamo ou amaldiçôo, pois há séculos sou rico, poderoso, jovem e
irresistível. A escuridão sempre me acolheu de braços abertos, os humanos jamais
resistiram aos meus encantos, e o sangue... Ah, o doce e quente alimento! Há séculos
possuo tudo que desejo, e se me empolguei ao me divertir com minhas vítimas e não
percebi os avisos da angustiada aurora, que precedia no horizonte meu cruel inimigo
Sol - já prestes a despontar -, a culpa é somente minha! Como um falcão se
arremessa sobre a perdiz, me lanço rumo à minha morada, mas o primeiro ataque da
estrela chamada Sol, é ainda mais veloz e toca-me levemente, provocando ardência no
local. Logo a seguir, atinge furiosamente todo meu ser. A dor é imensa... Ah, há
quanto tempo não sinto dor, há quanto tempo não sinto o pavor da proximidade de
meu fim?! Perco as forças, tombo ao chão, meu corpo começa a se dissipar e, partes
de mim, agora transformadas em pó, se dispersam ao vento... Meus sentidos entram
em declínio, é chegado o meu fim!

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